Continuaremos a dizer NÃO! Sobre as agressões na Marcha das Vadias – Recife 2015…

No último sábado, dia 30 de maio, fomos violentadas mais uma vez pelo machismo. Ainda na concentração uma mulher trans foi impedida de usar o banheiro feminino, como é seu direito. Foi violentada pelo responsável do banheiro da Praça do Derby e depois violentada pelos policiais que chegaram – no lugar de assegurar seu direito, continuaram a violá-la chamando-a pelo masculino e defendendo o responsável pelo banheiro. Machismo, machismo, machismo. Durante toda a marcha escutamos xingamentos, diminuições. Escutamos risadas das pessoas que passavam, dos homens que não se conformavam em não falar nada, continuando a nos assediar… Vimos policiais rindo a distância dentro dos seus carros de patrulha, inebriados pela certeza que aquilo ali era um absurdo. A corja toda se manifestando.
Nesta marcha vivenciamos também agressões físicas fortíssimas. Não foi tumulto, não foi confusão, como os jornais corporativos do Recife colocaram. Um grupo de homens, que trabalham na Conde da Boa Vista, como ambulantes, agrediram as pessoas que estavam na Marcha das Vadias. Começou com xingamentos, e tentativas de se impor. Eles não aceitavam ser respondidos, não aceitavam ser confrontados. Quando isso aconteceu partiram para a agressão física. Se organizaram, em um grupo de cerca de sete homens, armados com pedaços de madeiras e confrontaram mais uma vez a Marcha, nos chamando de putas, raparigas, mal comidas, nada que já não tivéssemos escutado antes dos machistas do nosso cotidiano. Com as respostas de pessoas da Marcha, não aguentaram serem mandados calar a boca. Ninguém manda um homem calar a boca. Daí começaram a bater. Foi desespero, sangue, correria.
Foi emblemático pela reação das mulheres, a combatividade aconteceu – e é necessária – mas ficamos deparadas com a nossa inabilidade de nos proteger e proteger as pessoas próximas a nós, vimos também uma multidão desesperada, atônita com o massacre que estava diante dos nossos olhos. Os homens que nos atacaram, tinham preparo, armas e, claramente, vivência de briga… bateram, sem medir forças. Enquanto que em nós, nem de longe, isso foi possível perceber. Precisamos nos preparar melhor física e psicologicamente para as agressões que sofreremos em manifestações, para as agressões que recebemos todos os dias, porque NÃO pararemos de dizer NÃO.

NÃO ao machismo! NÃO à violência contra as mulheres cis e trans! NÃO à violência contra xs dissidentes sexuais!

A posição da Marcha das Vadias Recife está prevista para amanhã, dia 05/06, com o relato mais detalhado das situações de violência que aconteceram na Marcha das Vadias – Recife 2015.